Açores, Natureza Mágica

Date

Açores, Natureza Mágica

A natureza vulcânica do arquipélago e a sua natureza exuberante, a largueza oceânica, um valioso património histórico-cultural, as tradições vivas e a simpatia dos açorianos, fazem do Arquipélago dos Açores um dos mais importantes destinos turísticos da zona europeia.
O Arquipélago dos Açores, Região Autónoma de Portugal, é constituído por 9 ilhas dispersas no meio do Atlântico Norte, distando cerca de 1.500 Km da costa ocidental europeia e aproximadamente 3.900 Km do continente norte-americano. Estende-se por uma faixa, orientada no sentido Sudeste-Noroeste e enquadrada pelos meridianos 25º – 31° 15′ de longitude Oeste e pelos paralelos 36° 55′ 39° 45′ de latitude Norte.
Ocupa uma área total de 2.333 Km2 albergando uma população residente de cerca de 237.000 habitantes. Com uma grande dispersão geográfica das suas ilhas, abrange uma Zona Económica Exclusiva de cerca de 940.000 Km2.
As 9 ilhas são geograficamente consideradas em três grupos diferentes: o grupo Oriental constituído pelas ilhas de Santa Maria, e São Miguel, o Central, integrando a Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico e Faial, e o Ocidental que engloba as ilhas Flores e Corvo. A menor distância entre ilhas é entre Faial e Pico (cerca de 6 Km), e a maior, rondando os 600 Km, entre Santa Maria e Corvo.

A Ilha do Pico

A Ilha do Pico distingue-se por apelar a um tipo de visita onde a fruição da natureza é um aspeto essencial. A natureza vulcânica da ilha, a imponente montanha e o imenso oceano Atlântico convidam à descoberta ativa, mas também ao repouso e à contemplação.
A paisagem que a natureza cria e desenvolve e a que a mão humana ergue são ali extensões uma da outra. Hoje continua assim: uma terra onde é bom viver e que gosta de receber quem a visita com um sorriso nos lábios.
A ilha do Pico, a segunda maior do Arquipélago dos Açores, situa-se a 28° 20′ de longitude Oeste e a 38º 30′ de latitude Norte. Desenvolvendo-se em torno do vulcão que lhe dá o nome, o ponto mais alto de Portugal (2.351 metros de altitude), a ilha do Pico tem uma forma oblonga – 42 km de comprimento e 15,2 km de largura – e a superfície total de 447 km2. A população é dispersa – cerca de 15.000 habitantes.
Estima-se que tenha surgido há 300 mil anos, de uma fratura tectónica denominada de fratura Faial-Pico, que por sua vez deu também origem à ilha do Faial. A ilha do Pico tem formações predominantemente basálticas, um reflexo da atividade vulcânica que caracteriza a ilha e a região.

A Fauna

Quando os primeiros homens desembarcaram na ilha do Pico o único mamífero conhecido era o morcego. De resto, nenhum dos diversos mamíferos hoje existentes é endémico, uns foram trazidos pelos primeiros povoadores, outros em momentos posteriores: coelhos bravos, vacas, porcos, galináceos.
Existem muitas espécies de aves, como o milhafre (símbolo açoriano), o canário-da-terra (Serinus canarius) ou o melro negro (Turdus merula). E as marinhas: o garajau comum (Sterna hirundo), ganhoa (nome local para a gaivota) ou o pombo-torcaz. Em lugar de destaque, o cagarro (Calonetris diomedea borealis) é a ave emblemática desta ilha. Cerca de 60% da população mundial desta subespécie reside nos Açores. Perto de Março vão até lá para constituírem família – os seus palrares amorosos enchem as noites de magia. Lá mais para setembro, os simpáticos cagarros deixam a ilha. Algumas das suas crias não terão energia suficiente para acompanhar os pais na sua migração.
Mas é no oceano que a fauna é surpreendente: um magnífico aquário com milhares de espécies e, entre elas, os deslumbrantes golfinhos e os cachalotes que hoje, finda a época da sua caça, se oferecem em toda a sua plenitude e beleza.

O Clima

O clima é temperado, com um índice de humidade médio-alto. As suas temperaturas médias variam entre os 14° C (57° F) no Inverno e 22° C (72° F) no Verão.

Relevo e Vegetação

Todo o relevo da Ilha do Pico resulta da sua formação vulcânica. É uma “Ilha Montanha”, coberta de espessa vegetação até cerca de 1.500 metros.
Um planalto com cones vulcânicos secundários termina junto do mar em altas falésias enquanto a área mais baixa, a Oeste, tem declives moderados.
Irá encontrar algumas lagoas, de diversa forma e tamanho, como as do Paul no Concelho das Lajes do Pico, ou furnas – grutas de origem vulcânica revestidas de estalagmites e estalactites com longos corredores, como a da Silveira.
As antigas erupções vulcânicas deixaram aquilo a que o povo chamou de “Mistérios”: campos de lava solidificada, hoje quase completamente cobertos de densa mata. Por exemplo, no concelho das Lajes do Pico, existem um em S. João e outro na Silveira.
Embora a paisagem esteja quase completamente explorada pelo homem – terrenos agrícolas e de criação de gado – a vegetação é luxuriante. A montanha, até cerca dos 1.500 metros tem inúmeras espécies arbustivas. Acima desta altitude, apenas alguma vegetação rasteira, como o queiró (Daboecia azorica). Na vegetação endémica de baixa altitude (perto do mar), pode observar-se a azorina (Azorina vidali). Até 600 metros de altitude, a faia (Myrica faya), e o louro (laurisilva: Laurus azorica), que há mais de 500 anos revestia a ilha antes do povoamento; a partir dos 800 metros urze (Erica scoparia azorica) e cedro-do-mato Juniperus brevifolia). A vegetação oriunda de outras paragens tem também uma forte presença: conteira (Hedychium gardneranum), conhecida como “roca-de-velha” (oriunda dos Himalaias), o incenso (Pittos-porum undulatum, oriundo da Austrália, via Inglaterra), muito presente nos “mistérios, tal como a faia, a hortênsia (Hidrangea macrophyla, vinda da China), o hibisco (Hibiscus) ou a criptoméria (Cryptmomeria japónica, do Japão), entre outras. E árvores de fruto como as laranjeiras, bananeiras, araçazeiros e figueiras, entre muitas outras.

Património Baleeiro

Muito embora em 1984, nos Açores, se tenha dado como terminada a caça à baleia, na ilha do Pico, as baleias continuaram presentes em inúmeros elementos da vida material e espiritual.

No porto das Lages do Pico, como que a desafiar o mar, uma escultura monumental de Pedro Cabrita Reis homenageia a memória dos baleeiros. Quase em frente ao Monumento à Baleação, o Museu dos Baleeiros, instalado em antigas casas de botes baleeiros, um dos mais importantes testemunhos da cultura material baleeira. Toda a ilha é como um museu.

Uma das mais valiosas formas de arte popular ligada à baleação é a atividade de “scrimshaw” – gravação artesanal em osso ou dente de cetáceo. Os antigos botes baleeiros foram objeto de recuperação, nuns casos, noutros de replicação de originais.

A crescente atividade turística tem na observação de baleias e golfinhos o motivo principal.

Atividades a Explorar

A ilha do Pico oferece uma variedade de atividades para quem a visita.
Para os amantes do mar:
– observação de cetáceos, como as baleias, cachalotes e golfinhos;
– mergulho – observação de formações rochosas ricas em flora e fauna;
– pesca desportiva e tradicional;
– prática de natação nas piscinas naturais existentes ao longo de toda a ilha;
– prática de kayak, canoagem e windsurf

Em terra firme, a escolha é igualmente diversificada:
– montanhismo, a surpreendente subida da montanha do Pico;
– passeios pedestres nos encantos singulares de rara beleza da ilha do Pico;
– passeios a cavalo ou em charrete;
– passeios de bicicleta ou BTT;
– observação de aves;
– espeleologia – furnas extensas para descer…. e descobrir na Gruta das Torres;
– compreender a história local com visitas à Calheta do Nesquim, um pitoresco porto piscatório; ao Museu dos Baleeiros e ao Centro de Artes e de Ciências do Mar (antiga fábrica da indústria baleeira), nas Lages do Pico; a excelência peculiar Museu do Vinho e da sua paisagem e o Museu da Indústria Baleeira, em São Roque do Pico, são algumas sugestões a não perder.
Ao longo da ilha podem ainda visitar-se as «casas vigias», pontos privilegiados de observação da chegada e deslocação dos grandes cetáceos.

O Melhor da Gastronomia e Produtos Locais

O mar generoso oferece uma ampla variedade de matéria-prima para a confeção de deliciosos pratos. Os crustáceos, lagosta, cavaco, caranguejo e os moluscos, lapa, craca, são manjares inigualáveis. Os moluscos lula e polvo são a base de pratos únicos, como o “polvo guisado em vinho de cheiro”. Peixes de todos os tamanhos, formas, cores, texturas e sabores – abrótea, chicharro, moreia, veja, lírio, salema, cherne, garoupa, espadarte… – tornam difícil a escolha. Mas podem igualmente oferecer-se num divinal “caldo de peixe” ou numa “caldeirada”.
As pastagens lajenses não são menos pródigas que o mar que as rodeia. As carnes de bovino e suíno mostram-se imbatíveis numa “molha de carne à moda do Pico” (bovino) ou nuns “torresmos” (suíno). A carne de bovino não é menos apetecível num bom bife. A de suíno faz umas singulares “linguiças” – com rodelas de inhame – e “morcelas”.

Festas, Romarias e Encontros Científicos

No período de maio a setembro aumenta a oferta de atividades e espetáculos ao ar livre. E, todos os anos, na última semana de agosto, a Semana dos Baleeiros termina com a Procissão de Senhora de Lourdes: padroeira dos baleeiros desde que, em finais de 1882, a Senhora salvou vários baleeiros que no meio de uma grande tempestade, tentavam entrar no porto das Lajes do Pico. O fim da procissão é marcado com o Sermão da Pesqueira e o Ritual Baleeiro, formas ritualizadas da devoção dos “velhos lobos-do-mar” à Senhora que os protege.
No âmbito científico, esta ilha é conhecida por acolher a Bienal das Baleias e as Jornadas Internacionais de Vulcanologia da Ilha do Pico.

 

 

 

More
articles